Contratar um funcionário implica mais do que o pagamento do seu salário base. Para uma empresa, o custo total de um colaborador é composto por diversos encargos adicionais. Incluem-se nestes encargos as contribuições obrigatórias para a Segurança Social, seguros, subsídios e outros benefícios legais.
Compreender todos os fatores que influenciam o custo total de um funcionário é essencial para a empresa. Permite uma gestão financeira eficaz e facilita a tomada de decisões estratégicas sobre contratações.
Este artigo descreve detalhadamente como calcular o custo de um funcionário para uma empresa em Portugal.
O custo total de um funcionário para a empresa em Portugal pode ser dividido em duas categorias principais:
O salário bruto é o ponto de partida para calcular o custo de um funcionário. É o valor acordado entre o empregador e o trabalhador antes de quaisquer deduções, como o IRS e contribuições para a Segurança Social.
Exemplo:
Se o salário bruto de um trabalhador é de 1.500€ mensais, este será o valor a partir do qual se calculam outros custos.
Por sua vez, o salário líquido corresponde ao valor efetivamente recebido pelo funcionário.
A Taxa Social Única, TSU, é uma das maiores despesas para as empresas em Portugal. Esta contribuição é obrigatória e tem duas componentes:
Exemplo:
Para um salário bruto de 1.500€ de um trabalhador enquadrado no regime normal, a empresa terá de pagar 23,75% desse valor:
23,75% x 1.500€ = 356,25€ por mês
Em Portugal, existem dois subsídios obrigatórios que a empresa deve pagar aos seus trabalhadores:
Estes subsídios podem ser pagos de uma só vez ou distribuídos ao longo do ano. Porém, para efeitos de cálculo anual, representam dois salários adicionais.
Exemplo:
Consideremos novamente um salário bruto de 1.500€. Neste caso, os subsídios totalizam:
1.500€ (Natal) + 1.500€ (Férias) = 3.000€ por ano.
Quando distribuídos mensalmente, representam 250€ por mês.
As empresas são obrigadas a contratar um seguro de acidentes de trabalho, que cobre eventuais acidentes ocorridos durante o horário de trabalho. O custo deste seguro varia consoante o setor de atividade, o risco associado ao trabalho e as condições acordadas com a seguradora.
Estimativa:
O custo médio do seguro de acidentes de trabalho situa-se entre 1% e 2% do salário bruto anual do trabalhador. Contudo, este valor pode ser superior em profissões de maior risco.
Exemplo:
Para um trabalhador com salário bruto de 1.500€, assumindo um custo de seguro de 1,5%, o custo anual seria:
1,5% x 1.500€ x 14 meses = 315€ por ano, ou 26,25€ por mês.
É obrigatório por lei que as empresas assegurem um número mínimo de horas de formação profissional aos seus trabalhadores. Atualmente, esse número está fixado em 40 horas anuais. O custo desta formação pode variar, mas representa uma despesa adicional que deve ser considerada.
Estimativa:
O custo da formação pode variar conforme a natureza do trabalho e o tipo de formação necessária. A média pode rondar entre 100€ e 300€ por trabalhador, por ano.
Apesar de não ser obrigatório, algumas empresas oferecem benefícios adicionais, como:
Uma grande parte das empresas paga também subsídio de refeição ou vales de refeição, apesar deste ser obrigatório apenas para a função pública. No privado apenas é obrigatório se estiver previsto num instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou no contrato de trabalho individual do trabalhador.
Existem limites diários para o valor do subsídio de refeição/vale de refeição. Atualmente, o limite é de 6€ por dia para o subsídio de refeição e de 9.60€ para o vale-refeição. Até estes valores, estão isentos de impostos. Ultrapassando este limite, são considerados parte do salário e sujeitos a impostos.
Exemplo:
Se a empresa oferece vale-refeição de 7,63€ por dia útil, o custo mensal seria:
7,63€ x 22 dias úteis = 167,86€ por mês.
Agora que temos todos os componentes, vejamos o cálculo do custo mensal de um trabalhador com um salário bruto de 1.500€ por mês.
Cálculo Mensal:
Custo total mensal:
1.500€ (salário bruto) + 356,25€ (Segurança Social) + 250€ (subsídios) + 26,25€ (seguro) + 167,86€ (vale-refeição) = 2.300,36€ por mês
Cálculo Anual:
Multiplicando este valor por 12 meses:
Este é o custo total anual de um funcionário com um salário bruto de 1.500€, considerando as contribuições obrigatórias e alguns benefícios opcionais.
Calcular o custo total de um funcionário envolve mais do que simplesmente considerar o salário bruto. As empresas devem ter em conta uma série de encargos adicionais. Incluem-se nestes encargos contribuições para a Segurança Social, subsídios obrigatórios, seguros e outros benefícios que possam ser oferecidos. Estes custos adicionais podem aumentar significativamente o valor que a empresa efetivamente paga para manter um colaborador.
Entender estas componentes é crucial para uma boa gestão financeira. Só assim é possível prever com precisão o impacto das contratações nos seus orçamentos e tomar decisões informadas.
Tags: Salário Bruto Custo Mensal Encargos
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