Como calcular o custo de um funcionário para uma empresa?

15 nov 2024 | 4.5 minuto(s) de leitura

Contratar um funcionário implica mais do que o pagamento do seu salário base. Para uma empresa, o custo total de um colaborador é composto por diversos encargos adicionais. Incluem-se nestes encargos as contribuições obrigatórias para a Segurança Social, seguros, subsídios e outros benefícios legais.

Compreender todos os fatores que influenciam o custo total de um funcionário é essencial para a empresa. Permite uma gestão financeira eficaz e facilita a tomada de decisões estratégicas sobre contratações.

Este artigo descreve detalhadamente como calcular o custo de um funcionário para uma empresa em Portugal.

Quais são as componentes do custo total de um funcionário?

O custo total de um funcionário para a empresa em Portugal pode ser dividido em duas categorias principais:

  • Custo direto: compreende o salário bruto do trabalhador, subsídios e outros pagamentos regulares
  • Custo indireto: refere-se aos encargos sociais, seguros obrigatórios, formação e outros benefícios proporcionados pela empresa

Salário Bruto

O salário bruto é o ponto de partida para calcular o custo de um funcionário. É o valor acordado entre o empregador e o trabalhador antes de quaisquer deduções, como o IRS e contribuições para a Segurança Social.

Exemplo:

Se o salário bruto de um trabalhador é de 1.500€ mensais, este será o valor a partir do qual se calculam outros custos.

Por sua vez, o salário líquido corresponde ao valor efetivamente recebido pelo funcionário.

Contribuições para a Segurança Social

A Taxa Social Única, TSU, é uma das maiores despesas para as empresas em Portugal. Esta contribuição é obrigatória e tem duas componentes:

  • Parte do trabalhador: no regime normal, 11% do salário bruto, deduzidos diretamente ao trabalhador
  • Parte do empregador: no regime normal, 23,75% do salário bruto, pago diretamente pela empresa

Exemplo:

Para um salário bruto de 1.500€ de um trabalhador enquadrado no regime normal, a empresa terá de pagar 23,75% desse valor:

23,75% x 1.500€ = 356,25€ por mês

Subsídios Obrigatórios e Complementares

Em Portugal, existem dois subsídios obrigatórios que a empresa deve pagar aos seus trabalhadores:

  • Subsídio de Natal: corresponde a um mês de salário bruto adicional e é pago no final do ano
  • Subsídio de Férias: também corresponde a um mês de salário bruto adicional, normalmente pago antes do início do período de férias

Estes subsídios podem ser pagos de uma só vez ou distribuídos ao longo do ano. Porém, para efeitos de cálculo anual, representam dois salários adicionais.

Exemplo:

Consideremos novamente um salário bruto de 1.500€. Neste caso, os subsídios totalizam:

1.500€ (Natal) + 1.500€ (Férias) = 3.000€ por ano.

Quando distribuídos mensalmente, representam 250€ por mês.

Seguros Obrigatórios

As empresas são obrigadas a contratar um seguro de acidentes de trabalho, que cobre eventuais acidentes ocorridos durante o horário de trabalho. O custo deste seguro varia consoante o setor de atividade, o risco associado ao trabalho e as condições acordadas com a seguradora.

Estimativa:

O custo médio do seguro de acidentes de trabalho situa-se entre 1% e 2% do salário bruto anual do trabalhador. Contudo, este valor pode ser superior em profissões de maior risco.

Exemplo:

Para um trabalhador com salário bruto de 1.500€, assumindo um custo de seguro de 1,5%, o custo anual seria:

1,5% x 1.500€ x 14 meses = 315€ por ano, ou 26,25€ por mês.

Encargos com Formação Profissional

É obrigatório por lei que as empresas assegurem um número mínimo de horas de formação profissional aos seus trabalhadores. Atualmente, esse número está fixado em 40 horas anuais. O custo desta formação pode variar, mas representa uma despesa adicional que deve ser considerada.

Estimativa:

O custo da formação pode variar conforme a natureza do trabalho e o tipo de formação necessária. A média pode rondar entre 100€ e 300€ por trabalhador, por ano.

Benefícios Adicionais

Apesar de não ser obrigatório, algumas empresas oferecem benefícios adicionais, como:

  • Subsídio de Refeição/Vale-refeição:

Uma grande parte das empresas paga também subsídio de refeição ou vales de refeição, apesar deste ser obrigatório apenas para a função pública. No privado apenas é obrigatório se estiver previsto num instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou no contrato de trabalho individual do trabalhador.

Existem limites diários para o valor do subsídio de refeição/vale de refeição. Atualmente, o limite é de 6€ por dia para o subsídio de refeição e de 9.60€ para o vale-refeição. Até estes valores, estão isentos de impostos. Ultrapassando este limite, são considerados parte do salário e sujeitos a impostos.

Exemplo:

Se a empresa oferece vale-refeição de 7,63€ por dia útil, o custo mensal seria:

7,63€ x 22 dias úteis = 167,86€ por mês.

  • Plano de saúde ou outros seguros complementares, como por exemplo seguro de vida

Como calcular o custo total de um funcionário para a empresa?

Agora que temos todos os componentes, vejamos o cálculo do custo mensal de um trabalhador com um salário bruto de 1.500€ por mês.

Cálculo Mensal:

  • Salário Bruto: 1.500€
  • Contribuição da empresa para a Segurança Social (23,75%): 356,25€
  • Subsídios de Férias e Natal (1/12 do valor anual): 250€
  • Seguro de Acidentes de Trabalho (1,5%): 26,25€
  • Vale-refeição (opcional): 167,86€

Custo total mensal:

1.500€ (salário bruto) + 356,25€ (Segurança Social) + 250€ (subsídios) + 26,25€ (seguro) + 167,86€ (vale-refeição) = 2.300,36€ por mês

Cálculo Anual:

Multiplicando este valor por 12 meses:

  • 2.300,36€ x 12 meses = 27.604,32€ por ano.

Este é o custo total anual de um funcionário com um salário bruto de 1.500€, considerando as contribuições obrigatórias e alguns benefícios opcionais.

Qual a importância de saber o custo de um funcionário para a empresa?

Calcular o custo total de um funcionário envolve mais do que simplesmente considerar o salário bruto. As empresas devem ter em conta uma série de encargos adicionais. Incluem-se nestes encargos contribuições para a Segurança Social, subsídios obrigatórios, seguros e outros benefícios que possam ser oferecidos. Estes custos adicionais podem aumentar significativamente o valor que a empresa efetivamente paga para manter um colaborador.

Entender estas componentes é crucial para uma boa gestão financeira. Só assim é possível prever com precisão o impacto das contratações nos seus orçamentos e tomar decisões informadas.

Tags: Salário Bruto Custo Mensal Encargos

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